Contestação ao artigo de Kanitz, "A Era do Administrador"
Fiquei passado, totalmente passado, quando li o Ponto de Vista da edição nº 1886 da revista Veja, escrito por um sujeito que um dia conceituei como inteligente, e talvez seja. Mas o preconceito, a ignorância e a insensatez, devem tê-lo tirado do prumo, a ponto de colocar essa visão míope, quase cega, de que apenas o administrador é “bom” para administrar um país ou qualquer outra coisa.
O colunista, “administrador por Harvard”, deve estar ciente que a famosa Harvard, uma das maiores universidades mundiais, é administrada por um presidente, Lawrence H. Summers, economista.
Deve também ter ciência de que Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, é advogado e George W. Bush, “administrador por Harvard”. No comparativo, a administração de Bill Clinton foi bem superior, dito pela maior parte do mundo, a atual, de George W. Bush.
O que o aumento da participação de administradores significará para o Brasil? Nada mais do que isso, um aumento da participação dos administradores. É um absurdo colocar um peso descomunal, como esse, nas costas de administradores: a salvação do Brasil.
É claro que o número de faculdades de administração tinha que aumentar. O que era Administração de Empresas virou: Administração de Negócios, Administração de RH, Hotelaria, Sistemas, qualquer coisa que você queira ou que sua imaginação fértil possa conceber.
Não satisfeito com o monte de bobeiras, utilizou o nome de três jornalistas, tentando conseguir apoio para uma idéia estapafúrdia. Tanto Arnaldo Jabor, Luiz Nassif e José Simão, são colunistas e excelentes comentaristas sobre assuntos da administração, mas até onde eu sei, não são administradores.
Fico embasbacado que pessoas como esse autor, que parece tão preocupado com o futuro do país, não faça lobby para que matérias de administração passem a fazer parte do currículo dos cursos de engenharia, medicina, advocacia e demais. Que se prontifique, junto ao SEBRAE, a fornecer cursos grátis de administração; que tome para si a bandeira do Empreendedorismo.
Uma última palavra. Que o autor dê graças a Deus de ter uma coluna mensal na Veja. Por mim, não deveria ter nenhuma.