Dia 22 de dezembro, o Espírito do Natal já impregnou o ar!! Estamos todos tomados pelo Espírito Natalino! Chegou a hora de começar a preparação da Receita de Natal, em poder da família há anos.
Conta a história falada, transmitida de geração a geração, que esta receita foi executada pela primeira vez há muitos séculos. Monges albinos do Tibet a encontraram em escavações rudimentares existentes no convento, e atribuíram o seu achado a um atendimento de uma prece comunal, pois não sabiam o que preparar para a Ceia, que seria compartilhada por diversas famílias do povoado local.
Inicialmente deram o nome de Receita de Deus, mas acharam o nome muito pretensioso. Depois a chamaram de Receita dos Anjos, que foi abandonado pelo mesmo motivo da primeira. Receita do Céu foi o próximo escolhido, mas acharam que não transparecia a importância que lhe cabia. Por fim escolheram Receita de Natal, nome mantido até os dia atuais.
A receita era explícita em sua primeira instrução: “Essa receita só poderá ser executada por aqueles que estejam impregnados com o Espírito de Natal, para que possa manter suas características originais.”
Os monges já estavam “no ponto” para iniciar e ficaram preocupados quanto a suficiência para alimentação de todos, pois a receita não dizia o número de pessoas que poderia atender. Decidiram acreditar que o fato de terem achado a receita, era indício suficiente de que esta providência também seria atendida. E começaram!
O primeiro ingrediente: “Um bom pedaço de carne de ovelha (hoje é usado 500g)”. Os monges se olharam e perguntaram para o outro. Que tamanho é um “bom pedaço”? Ninguém consegui responder.
Mediram 1 palmo por 1 palmo por 1 palmo e chamaram isso de “bom pedaço”. Agora, sempre que na receita encontravam o “bom pedaço”, já sabiam o tamanho.
“Um maço grande de Amores da Natureza” era o próximo ingrediente. Novo dilema! Os monges, conhecedores de muitas especiarias, desconheciam essa tal de Amores da Natureza. O que vamos fazer?
Foram todos para as hortas do convento e os campos em derredor do mosteiro. Colheram flores de todas as cores e cheiros, especiarias diversas e frutas variadas. Acreditaram que tinham composto um belo e grande maço de “Amores da Natureza”.
A notícia da atividade dos monges espalhou-se rapidamente e vários moradores do povoado vieram ajudar na preparação. A quilômetros já era possível sentir o cheiro que emanava do preparo.
Mais um ingrediente estranho! “Barro amassado com água de rio virgem”.
Pronto! Agora a coisa enrolou! O jeito foi seguir a receita e acreditar. O barro foi fácil e o rio, de águas muito transparentes, foi entendido pelos monges como sendo um rio virgem. Ao recolher a água, pegaram alguns peixes que pularam para dentro dos baldes.
O próximo e último ingrediente, deu a certeza de que estavam no caminho certo: “Peixes que pularam no balde no recolhimento da água do rio”.
Ponha tudo num caldeirão e deixe ao ar livre até o dia do preparo, era a penúltima instrução da receita.
Apenas os monges acreditaram na receita. A população, vendo o esforço deles, combinou que cada família, que pudesse, prepararia alguma comida, por mais simples e em menor quantidade que fosse.
A notícia da Receita de Natal, atingiu outros dois povoados vizinhos.
A última instrução da receita diz para juntar todos os ingredientes numa panela de ferro muito grande e colocar no fogo as 20h. Assim os monges fizeram! A ansiedade misturada com a alegria de dividir a felicidade, o pão e o vinho com a população, deixou o mosteiro em grande clima de festa.
Mesas enormes no pátio, com pratos, copos e talheres, além de garrafões de vinho dos monges, aguardavam a chegada da população.
O perfume que exalava do caldeirão de ferro, invadia o ar da noite azul salpicada de prata e era carregado, para todas as direções, por lufadas de vento.
Não demorou muito e as pessoas começaram a chegar. Os monges recebiam as comidas trazidas pelas famílias. Mesmo sem entender o motivo, as colocavam nas mesas.
O perfume tinha chegado aos outros povoados, que resolveram trazer, também, suas pequenas ceias para compartilhar e participar da alegria da festa.
Não houve mesas para todos e nem apetrechos. Não importava! Sentavam no chão, dividiam o prato, o copo. Importava dividir a felicidade que ia no peito de cada um.
Ninguém reparou que a comida não acabava, enquanto alguém estivesse com fome. Quando o último morador foi embora, todas tigelas estavam vazias. Parecia que a comida tinha sido preparada na quantidade certa.
Os monges perceberam que o perfume continuava e lembraram da Receita de Natal. Correram para a cozinha e a mistura tinha virado uma pasta. Fizeram um buraco no terreno e despejaram a mistura.
Não foram dormir tristes pois tinham conseguido aproveitar o Espírito de Natal e partilhar com as pessoas, graças a Receita de Natal.
No dia seguinte, os monges tiveram uma surpresa.
Um pequeno rio, povoado, corria pelas terras do mosteiro, rodeado por belos jardins e banhando um pomar variado e abundante, onde, na noite anterior, a mistura da Receita de Natal fora despejada.
Ficou claro que não importava o que era servido na Noite de Natal! Não importava a quantidade! A troca de presentes do coração é que traz a emoção! O partilhar do pouco que se tem, garante receber muito! Quando um ato de Amor é reconhecido, sentimos a necessidade de retribuí-lo, mesmo que seja com um pensamento! O que se planta sob a emoção do Espírito de Natal, sempre trará frutos, pois assim é a Natureza!
Uma belíssima Noite de Natal aos amigos e companheiros.