O pai gostava tanto — e usava — do dito “ideia de jerico”, que acabou colando o nome de Girico no primeiro filho. E aí, já arranjou uma encrenca com o sujeito do cartório, que se recusava a registrar a criança com nome de Jerico.
— Mas jerico significa asno! O senhor não pode querer que seu filho seja chamado de asno ou jumento! Não posso concordar com isso.
— Se o senhor pode ou não, eu não sei. Não é um problema meu. O nome do meu filho será Girico. Pode escrever aí: G – I – R – I – C – O.
— Pois eu me recuso, mesmo sendo Girico! Imagina se vou colocar um nome no meu filho para ele ser mangado por toda vida. Se é que alguém com o nome de Girico pode ter alguma vida.
O senhor sempre teve essas ideias de jerico ou só depois que seu filho nasceu?
— Pois é! Foi daí que tirei o nome do garoto ? Girico. Imagine que todo mundo vai conhecê-lo.
E o filho é meu, e não seu!
— Ora pois! Que o senhor tirou o nome da expressão “ideia de jerico”, eu já sei, pois não tem como aparecer um nome como Girico, do nada.
João, Pedro, Ernesto, Euzébio, Ermenegildo, Eustáquio… Tantos nomes para o senhor escolher e o senhor me vem com essa.
Além disso, não prefere que seu filho seja conhecido por ser honesto, competente, profissional, leal e amigo; do que ser conhecido só pelo nome? E que nome!
— Mas é isso homem! Eu já estou ajudando o meu filho a ser alguém na vida. Vai ser meio caminho andado para ser importante e rico.
O resto é com ele. Eu só quero fazer a minha parte e o senhor não quer deixar.
— Então vamos colocar o nome de José Girico. O que senhor acha?
— Você sabe o meu nome? É José, Zé, Zezinho! Já viu alguém ser alguma coisa com o nome de Zezinho. Faça-me o favor!
— Imagine seu filho na faculdade.
— Olha, lá vai o Girico.
— O da ideia?
— Não! O da “ideia de jerico”! Ah, ah, ah!
— Olhe senhor… Qual o seu nome?
— Aqui Jaz. — Coff, coff! — Meu pai era coveiro.
— Hmmmmmm hum… Põe aí: Pedro Ernesto.
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