Algumas vezes, os filmes me causam um espanto absurdo e não estou usando qualquer figura de linguagem, mas exprimindo o meu verdadeiro sentimento.
“Chamar o Raul”, ou o “Hugo”, certamente, é uma expressão conhecida por quase todos. Seja por já ter chamado o digníssimo ou por ter presenciado alguém chamá-lo, principalmente no final de uma noitada. Mas isso não importa muito, pois o que interessa nesse texto é o local onde o “Raul” é chamado.
Quando o “Raul” chega, em golfadas, atinge o que estiver pela frente e não liga muito para o local. No carro, na rua, na cama, na pia e, finalmente, no local correto: o vaso sanitário. Pronto, chegamos ao ponto! O vaso sanitário.
Este é um local que deve estar limpo, o mais limpo possível. Porém, por definição, não é um local totalmente higiênico.
Nos filmes, no entanto, o vaso sanitário é um objeto de adoração, um companheiro para as horas em que o “Raul” é chamado. E isto deve ser verdadeiro, pois os personagens, dos filmes, que invocam o “Raul” — por qualquer motivo —, abraçam o vaso sanitário, deitam em cima da borda, dormem em cima do mesmo e passam uma noite — que imagino — confortável.
O cinema ainda avança, nessa adoração ao artefato, quando os personagens agasalham com um carinho sem igual, o vaso sanitário localizado em banheiros públicos.
O que será que leva um diretor, ou autor, a utilizar este tipo de imagem? “Povo limpo, povo extremamente limpo”; ”nossos banheiros e vasos sanitários são mais limpos que os outros”; “essa imagem é para você ter certeza que isso é uma ficção”; “amar é…”; “você é o que come”. Deve existir um motivo, mas não sei qual é.
Imaginem se isto acentua e cai no gosto popular. Não vai demorar e algum artista lançador de modas, colocará no mercado mesas de jantar, onde as cadeiras serão vasos sanitários. — OK! Está certo! Exagerei na dose! Fazer o que?