Por que mudar?

Alguns poucos amigos tem me perguntado por que mudei o estilo das minhas crônicas. Tudo bem, não foram vocês! Contudo, vou aproveitar a “deixa” e explicar para todos.

Escrevo desde o início da década de 1990 e tive meu primeiro artigo publicado no Jornal do Brasil, em uma coluna de RH. O artigo versava sobre Qualidade Total.

Então – escrevi muito sobre Qualidade Total; Ferramentas da Qualidade; Conscientização; Teletrabalho; Gestão de Pessoas em todos as suas vertentes, passando por liderança, trabalho em equipe, negociação, gestão de conflitos, reunião, comunicação, motivação, análise/tomada de decisão, e aconteceu que eu cansei de ficar repetindo os mesmos temas nos meus textos, a ponto de não conseguir ter mais assunto.

Eu tinha que mudar e fui à luta. A necessidade tornou-se maior quando resolvi fazer (sobre todas as formas) da atividade de escrever o meu ganha-pão.

Alguém já disse uma vez: “Se você anda sentindo cheiro de coisa velha, com a validade vencida, cheire primeiro em você, pois poderá estar necessitando de uma reciclagem”

E eu precisava dessa reciclagem!

Tenho amigos, e grandes, que fizeram um período sabático para efetuar a reciclagem. Até tentei por algumas semanas mas não funcionou comigo. Minha reciclagem – o que aprendi às duras penas – tem que ser apanhando, sendo elogiado, sendo criticado, errando e acertando. Cada um tem o seu jeito. Somos únicos.

Tenho tentado, nas minhas possibilidades de iniciante, aprender a ser cronista, na antiga concepção dos profissionais de jornais, que calcavam os seus textos em notícias recentes. Não, não está sendo fácil! Tenho que ficar ligado nas notícias todo tempo para conseguir pinçar as que cabem em uma crônica, não necessariamente engraçada, mas bem humorada.

Agora mesmo, enquanto escrevo, vi a notícia: “Terra vai prestar serviço de inteligência”. Posso viajar até as raias do absurdo e voltar cortando o que ficou absurdamente absurdo, procurando pingar com algumas doses da notícia real e algum humor. Se dará certo? Não faço ideia, mas só saberei se fizer.

As tiras que tenho feito da Var & Jeira, que estão sendo bem recebidas, é uma maneira de exercitar a concisão do texto, ainda que tenha o recurso da imagem.

Tenho tentado, sem qualquer sombra de sucesso, o Haikai (forma poética de origem japonesa). São poemas de três linhas, sendo a primeira com 5 sílabas, a segunda com 7 e a terceira com 5 sílabas. Vejam alguns exemplos:

 

no despenhadeiro
a sombra da pedra
cai primeiro

Carlos Seabra

outro outono
no chão entre as folhas
sonhos do verão

Ricardo Silvestrin

fim do dia
porta aberta
o sapo espia

Alice Ruiz

pétalas de rosa
a contar-lhe uma história —
sonho de mulher

Chris Herrmann

É até divertido brincar com as palavras e suas sílabas no Haikai, mas no meu caso o resultado tem sido desastroso.

Então é isso.

Ah! Sobre o Napoleão Pataca.

Na década de 1980, em um livro de Carlos Eduardo Novaes, tive contato com o personagem que ele criou. O Juvenal Ouriço.

Quando comecei a escrever, senti a necessidade de criar um personagem fictício mas nem tanto, isto é: fictício mas com diversas nuances de personagens reais que povoaram ou povoam a minha vida. Esse é o Napoleão Pataca que ficou afastado dos meus textos por muito tempo, mas que tem retornado aos poucos.

Bem, agora realmente é isso.

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