Ainda não sei que nome darei a esse texto. Talvez dê um nome qualquer ou não dê qualquer nome.
Acho que eu deveria estar desejando a vocês Boas Festas e sei que no meu coração isto ocorre, mas o cansaço, a mente um pouco desconectada por causa do sono, estão me impedindo. Então, por favor, perdoem essa vítima do natal, da falta de civilidade, da falta de respeito ao próximo, da falta de vergonha, da falta de tudo que você queira pensar.
Seria injusto dizer que o Natal, o meu Natal, começou torto. Ao contrário, iniciou muito bem. A família unida, a mesa suficientemente farta para nós cinco, o clima de paz, alegria e harmonia. Meia-noite! Beijinhos pra lá, “Feliz Natal” pra cá, abraços, algumas lágrimas e as entregas de presentes. Tudo uma maravilha! Perfeita tranquilidade.
Claro, o agradecimento ao Mestre Jesus por nos permitir isso tudo. Mas acho, agora, que Cristo queria me testar, pois é fácil falar que a vida é uma beleza, quando está uma beleza. O problema é dizer isso quando as coisas não caminham como deviam. E nessa madrugada, nada correu bem.
Uma hora e quinze minutos da manhã. Fomos deitar. Tudo começou.
Embaixo da minha janela, crianças começam a brincar numa enxurrada de gritinhos, gritos e berros, que tirariam dos braços mais pesados de Morfeu, qualquer mortal. Minha cadela não ficou de fora e começou a latir desesperadamente. Comecei a rezar pra tentar superar aquela onda de raiva que nasceu em mim e, rapidamente, começou a crescer em uma velocidade alucinante.
Rolei pra lá e cá, tentando distrair a mente com algo que pusesse um tampão, virtual, no meu ouvido – a essa altura, meus “ouvidores” já estavam com tampões de nadador. Nada!
Um silêncio! Poxa! Agradeci, puxei a lençol, virei de lado e… “tum, tum, tap, tum, tap, tap, toc, tum, tum…”
Um som miserável de atabaques, bongôs e demais instrumentos infernais de fazer barulho, romperam o breve silêncio das 2h da manhã.
A raiva explodiu! Abri as janela e gritei: “Vamos para com essa merda de barulho! Eu quero dormir!”. Eu só posso achar que você não ouviu, mas ”eles”, com certeza, não escutaram ou se o fizeram, bancaram os surdos, que na realidade deviam ser, dado o volume da “festinha de natal”, “comemoração do nascimento de Jesus”.
Meu filho e a namorada, que estavam assistindo um DVD na sala, puseram a cadela para a parte de trás da casa. Bem, pelo menos o latido silenciou. O barulho continuava ensurdecedor.
Fui para a sala com a intenção de ligar para o 190. Depois de 50 minutos, consegui fazer a queixa e ouvi que seria enviada uma viatura.
Bem, pensei: agora é relaxar e aguardar a viatura. As 3h40min a viatura não chegou e agora tocava um som de funk, com um palhaço berrando no microfone do karaokê. Se no inferno tiver festas, deve ser parecido com isso. Mas a esperança é sempre a última que morre, ainda que eu sentisse que a minha já tinha vestido a última roupa.
“Bem, o pessoal deve ter marcado para encerrar as 4h da manhã.”
Esticaram até as 5h15min.
Tudo bem que comemorem, que extrapolem, nesses dias especiais, o horário de silêncio, de respeito aos vizinhos. Tudo bem que levassem a farra, sem propósito, até à 1h30min ou mesmo, até às 2h. Mas o que fizeram mostra o descalabro do respeito de indivíduos, que felizmente são poucos, civis e não civis, com o próximo.
De coração, espero que todos vocês tenham tido um Natal maravilhoso e uma boa noite de sono.
“Os meus direitos terminam onde os seus começam”.
Essa é a frase que marcou minha vida.
Infelizmente poucos entendem o significado dela.
Por causa da puberdade.
Por causa da liberdade.
Por causa da modernidade.
Mas de fato mesmo é por causa da educação que os pais se esqueceram de dar para os seus filhos. Porque talvez nem eles tiveram essa educação. E hj são o espelho que reflete.
E assim, convivemos com uma garotada que acha normal o uso de drogas. Não tem limites e nem valores morais. Não sabem o significado de respeito nem por si e muito menos pelo outro. E pior…é uma “gente” preconceituosa e violenta.
Planeta dos Macacos.
Nós estamos envoluindo e seremos substituidos pelos macacos.
Abçs,
Odila Bueno
odila.bueno@globo.com
São Paulo/SP