Já sei, já sei, já sei! Tem também a tal da transpiração, que leva 90% do trabalho. Acontece que conseguir a inspiração, o tema, o mote, é o grande entrave de quem escreve.
Depois, é só trabalhar muito para sair um texto de uma ou duas laudas. Bem, isso se você se preocupa com a nossa língua, com a clareza do que está escrevendo e com quem vai ler o texto.
Acho que cada internauta — a maioria de nós escreve, pelo menos, um texto aqui e outro ali — acaba encontrando a sua maneira de buscar a inspiração, já que ela teima em não cair no nosso colo.
Eu tenho minhas maneiras, mas nem sempre consigo captar “o que está solto no ar”. Outras vezes ela surge por uma conjunção de fatores onde só falta colocar uma enorme seta vermelha, piscante, com um letreiro: “Ei, estou aqui!”
Em 2006, aconteceu uma situação que teria dado muito caldo, não fosse o alerta de um colega, advogado, sobre alguns processos que poderiam ocorrer. O tema era: “Meias conversas ao pé do orelhão”, que consistia em ouvir “um lado” da conversa de uma ligação telefônica, em um orelhão, e imaginar o outro lado da prosa.
Fiz apenas o primeiro texto. Quem quiser ler está em http://meiasconversas.blogspot.com/2006/02/meias-conversas-ao-po.html.
Não sei se onde você mora tem muito ônibus circular — sem ponto final. Aqui, em Mauá, tem bastante e basta descer no terminal e pegar um outro, sem precisar gastar dinheiro com passagem. Quando tiver conseguido a “inspiração”, é só voltar pra casa.
Uso bastante este artifício, já que muito dos meus textos abordam o cotidiano. Torna-se ainda melhor quando consigo ser o “ouvido” para alguém. De qualquer maneira, não vá levar um gravador e nem ficar fazendo anotações.
Metrô e trem são outros bons locais.
Passar uma parte da tarde num café é uma boa maneira obter assunto para um texto, durante um bate-papo. Em Avaré tinha um café, mas por aqui não tem.
Sempre tem as opções padrões como ler um livro ou ver um filme. Outro dia, não me lembro aonde eu li, um escritor contava que usa o artifício de jogar videogame quando “dá branco”.
O grande “x” é que com a internet, os escritores, ou candidatos a esse ofício, ficam trancados em casa, fazendo um trabalho solitário. Aí, começam a conversar com a porta, com o ventilador, com o espelho…
Ah! O espelho! Esse é danado para gerar aqueles escritos profundos, densos e introspectivos, que certamente dariam ótimos textos a serem lidos, se o autor contasse a história para o leitor e não para si.
Por outro lado, mesmo em casa, podemos encontrar boas fontes de inspiração. Uma que uso muito é o café da manhã com a minha esposa. Normalmente leva de 40min até 1h, que acontece por volta de 6hs da manhã.
Bem, a minha ideia é tentar mostrar a você, que sofre da falta de inspiração, assim como eu, que temos diversas maneiras de encontrar a inspiração ou o tema sobre o que vamos escrever. Depois — aí sim! — vem a tal de transpiração.
Amigo Silvio. Foi ótimo a Cristina encontrar teu livro inicial, achar teu blog e descobrirmos que hospedamos um dia no Laje de Pedra um embrião de escritor que está consagrado. Parabéns. Mendes
Meu caro amigo Mendes,
Há muito não nos falamos. Como você está? Como está a Cristina?
Tenho saudades das conversas.
Abraços saudosos.
Silvio