Reinventando o escritor.

Concordo que é, até, uma petulância minha querer reinventar uma profissão ou um ofício que vem da época das cavernas. Mas também, hão de concordar que em termos de comunicação, nunca tivemos uma mudança tão drástica como a promovida pela internet e suas ferramentas.tira TV-3D

No último final de semana, conversando com o Thiago, meu filho, sobre a TV 3D, estava como vontade de escrever um texto de humor sobre o assunto, mas não estava conseguindo pegar o “gancho”. Logo depois ele me apresentou a tirinha ao lado.

O que eu não consegui dizer com palavras, ele o fez bem, de modo inteligível, para qualquer um que tenha visto um anúncio de 3D, e perceptível com uma rápida passada d’olhos.

Em termos de escrever — por favor, não considerem se tenho talento ou não — sou totalmente eclético. Escrevo crônica, artigo, conto e romance, e sobre qualquer assunto e em qualquer modalidade. Lógico, limitado por meus princípios e valores pessoais.

Com exceção do texto técnico, acredito que o escritor não possa ter o luxo de falar sobre um único tema ou para um único público. É necessário ser versátil, experimentar.

Em 1994, quando conheci o Waldez Ludwig — ele não era famoso e eu o conhecer, não significa que ele me conheça — na implantação do Programa de Qualidade Total na editora Ediouro, ele falou algo que me marcou e deixou os donos da editora “sem chão”.

Ele disse, em linhas gerais, que fazer livros, qualquer “editorazinha” podia fazer. A concorrência das editoras — por conseguinte, dos escritores — não são, apenas, outras editoras ou escritores, mas toda indústria de entretenimento.

Quando alguém pega um livro pra ler, ele está deixando de navegar na internet, de assistir o BBB, de ir ao cinema ou ao teatro, enfim, deixando de praticar outras formas de entretenimento. Não é uma briga fácil!

É nesse sentido que eu penso que o escritor tem que se reinventar, dentro desse povaréu de escritores, muitos, excelentes. Ainda mais agora, com Kindle, IPad e tantos e-readers, inclusive chineses — baratinho, baratinho —, é preciso atingir novas formas de chegar ao público alvo.

Não é algo fácil. O escritor não é mais o indivíduo com o arquétipo do sujeito à frente de uma “folha de papel”. Isso virou estereótipo.

Vejo o escritor como alguém que escreve e pesquisa muito. Vejo o escritor, que pretende o lucro, roteirizar pedaços do seu texto para apresentar em, por exemplo, esquetes durante uma palestra de divulgação. Vejo o escritor como um contador de histórias.

Para um escritor de contos infantis, por exemplo, entendo que seu livro deverá contar a história por escrito, e (o escritor) também contá-la verbalmente, seja para divulgá-la ou como um CD que acompanhe o livro.

Nada disso é fácil e certamente existem histórias, atuais, de autores novos e que fazem sucesso sem precisar de nada disso que escrevi; sem necessidade de se reinventar. Se você é um desses, esqueça tudo que eu escrevi. Com certeza você já chegou lá.

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