Poxa! Eu queria me sentir o máximo.

Juro que eu gostaria de me sentir o máximo, mas acho que alguma coisa me impede.

Acho bacana ver as pessoas sentindo-se o máximo na sua profissão. Eu gostaria de ser assim.

Até tenho orgulho do que faço, do que crio, do que produzo; dos meus livros e textos, dos meus filhos. Tenho que ter, pois são frutos que produzo. Contudo, não consigo achar que meus filhos sejam seres humanos fabulosos e perfeitos, ainda que maravilhosos para mim.

Não acredito que meus livros sejam obras de arte, ainda que apesar das poucas vendas — também, como podem comprar se não os encontram expostos (que fosse na estante, ao menos) nas livrarias — e muita pirataria, os que compram e os que “não compram”, elogiam.

Eu gostaria de me sentir o máximo. Talvez, bem mais tarde, eu cante: “Devia ter me empolgado mais, me sentido o tal. Devia ter…”. Meus pés, hoje, andam plantados no chão e pode ser que eu precise voar até o Olimpo. Quem sabe?

Lembro quando participei de um grande programa de treinamento e senti que eu precisaria deixar aflorar o meu lado criança, pois existiam dinâmicas em que essa atitude seria importante. De tanto tentar, eu consegui, e houve retorno das turmas.

Quem sabe eu não precise tentar ser o máximo. Poderia colocar no site algo assim: “Comprem o livro mais maravilhoso do escritor mais fantástico que já surgiu na face da terra.”

Mas como será que as pessoas iriam me ver? Afinal, o escritor é um criador, que deveria — acho — ser simples, comedido, ao falar da sua criação, do seu ofício. Além disso, será que as pessoas gostam de alguém que se vangloria de ser o melhor; de alguém que passa a impressão de ter o “rei na barriga”; de alguém que se acha o máximo? Eu não sei a resposta.

O escritor tem que saber se comunicar; seja com o público alvo ou com o público em geral. Na verdade, não só o escritor, mas qualquer profissional, já que é dessa comunicação que surgem os negócios. Seja a venda de um livro ou um contrato de milhões de reais.

Olhando pelo outro lado do dólar furado, também precisamos considerar que as pessoas não são perfeitas e às vezes, no afã de uma comemoração, de uma vibração, acabamos passando uma empáfia que não existe.

O relacionamento é mesmo uma coisa complicada e por isso, precisamos redobrar nossa atenção na comunicação.

5 Comments

  1. Olá meu irmão Silvio
    Mais um belo texto que nos remete a olharmos para nossos umbigos e nos perguntar: somos o máximo no que?
    Concordo com você que muito auto elogio é ego e portanto espanta leitor, mas sabermos do nosso valor é importante e devemos para isso nos analisarmos.
    Somos o máximo em muitas coisas, afinal vivos estamos e isso não é o máximo????
    Em compensação somos medíocres em outras. Mas, a saber, na media somos bons ou muito bons.
    Parabéns pelo belo texto.
    Beijos
    Inês B.Teixeira

  2. Olá, Sílvio!

    Mais uma bela reflexão que você proporciona a nós, seus leitores. E pôxa, eu também queria ser o máximo!

    Este sentimento, este querer, nada mais é do que nossa necessidade de sermos aceitos – somos seres gregários – não vivemos sem o “outro”. Mas creio que antes disso, precisamos de nós mesmos, de nos aceitarmos como realmente somos, nem melhores, nem piores do que ninguém, mas únicos, no conjunto da nossa vivência, da nossa obra. Em decorrência, vem uma atitude que julgo deveria ser a principal nos relacionamentos: o respeito mútuo.

    É essa atitude que vejo a permear a sua comunicação, uma de suas bases como escritor e como ser humano – permita-me dizer isso, embora nos conheçamos apenas pelo que escrevemos nestes espaços virtuais.

    Parabéns e continue!

    Um grande abraço,

    Linda.

  3. Sílvio,

    Se você não se acha o máximo, está no caminho certo. Fujo de quem acha que é.
    A humildade é a coroa do talento e você tem ambos.
    Nenhum gênio, na História da humanidade, foi reconhecido como tal. Antes, na ordem natural das coisas, os gênios são vistos como loucos. Mais tarde, sabe-se lá quando, é que brota a genialidade.
    Aliás, se não me engano, eu o vi conversando com uma pedra…

    Grande abraço!

  4. Olá Silvio,

    Suas palavras serviram de alívio no meu peito. Também me sinto assim pois a maioria das pessoas se vangloriam do que fazem, engolem um reinado inteiro e não são felizes pois quando mais precisam de um amigo sincero, desinteressado não os tem.
    Não é necessário ser o “máximo” de tudo para ter sucesso. Na maioria das vezes, o genial é ser o “mínimo” mas com personalidade!!

    Sucesso

    Malu

  5. Maximus era um gal. romanao – lutou na Gália e depois na última fronteira ao Norte, contra germanos, a serviço de um Cesar. Seu nome dizia tudo, mas ele era simplesmente ele mesmo – Sou um soldado! Faço o que tenho de fazer. E, por ter feito apenas isso, ser ele mesmo, muitos o aprovaram, amaram e odiaram. É difícil ser, porque nunca se acaba, o fazer-se a si mesmo, de onde Sócrates e outros pensadores gregos (berço de nossa filosofia e nossos problemas críticos) tiraram esta ideia é o fardo do infinito – infinitude porque está sempre se refazendo – um porvir, um vir a ser.

    Cada SER é e não é, ao mesmo tempo – ser e não ser são ao mesmo tempo – eis talvez o porquê da dificuldade de relacionamentos, de comunicação – eis, aí, talvez também, a dificuldade de autoaceitação daquilo que somos, porque além de tudo tem a vontade e em menor importância o desejo de querer, mais e melhor – imposições sociais, competição, irascibilidade, tormentos da alma – psicalgias e outras deturpações do espírito.

    Só conseguimos ser aquilo que podemos, estamos todos dentro de nossos próprios limites – nem mais nem menos – conteúdos, contidos, continentes – não vamos além da nossa capacidade de reiventar-se a si mesmo, de recriar nossa linguagem e nosso pensamento – a isso os biólogos chamam de capacidade evolutiva – simbiose, parasitismo, trocas justas ou injustas com o outro, com o meio. O que temos, o que sabemos e o que mais? Para que mesmo? Sim, eu quero saber mais, aprender, evoluir, para libertar-me. Do que mesmo? De mim, dos outros, da vida…Desta natureza que me consome e da qual me afasto cada vez mais, tecnologicamente, e por isso mesmo distancio-me dos princípios. .. E, uma vez disseram, desenvolver-se é afastar-se do princípio, e nada e mais distante de mim do que as minhas costas…Eu queria ser para onde vou sem deixar de ser eu mesmo, mas capaz de evoluir para novamente ser qualquer outro ser…Seria o máximo, Sílvio?
    Sds.
    Volmer

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