A Contação de Histórias não é uma arte menor.

Por Silvio T Corrêa

Amigos, colegas, parentes, agregados e assemelhados, perguntam por que estou fazendo cursos de “contação de histórias” e que “raio” é isso.

É interessante que ninguém pergunta o que é uma peça de teatro, o que é um filme, o que é um teatro de fantoches, o que é uma obra de arte, um poema, uma música, mas franzem as sobrancelhas ao ouvirem o termo “contação de histórias” e arrematam: “Isso dá dinheiro?”

É bem verdade que não são muitos contadores profissionais de histórias, no Brasil, mas temos ótimos contadores “amadores” de histórias que ainda não se tornaram profissionais por simples falta de oportunidade.

Mundialmente, entretanto, os contadores de histórias se multiplicam e percorrem o mundo como se fossem uma entidade de “Contadores sem Fronteiras”.

Sou muito incipiente no ofício de contar histórias (estou fazendo o 3º curso), pois o meu ofício principal é escrever histórias — OK, é uma forma de contar histórias —, mas é claro, para mim, a potencialidade da contação para todos que, de alguma forma, encontram-se, mesmo que em algumas vezes, à frente de 50, 100, 200 ou 300 pessoas e precisam palestrar sobre algum assunto.

Definitivamente a Contação de Histórias não é uma arte menor.

Usa técnicas de respiração, de dramatização, de movimentos com o corpo, de voz, de improviso, de percepção. Contar histórias não é ler histórias. Contar histórias é dar vida às histórias contadas, muitas vezes, por séculos, onde cada contador imprime a sua marca. Contar histórias é mostrar que uma história é interessante, para que comprem o livro. Contar histórias é capaz de fazer com que um aluno se interesse pela difamada Matemática. Contar histórias é uma arte que, como poucas, se aplica em diversas profissões, mas também não é uma arte Maior. É uma arte, apenas.

Contar histórias por aqui, pelo Brasil, ainda é uma arte das histórias de cordel, dos repentistas, do vovô sentado no banquinho, na calçada, com um monte de molequinhos sentados à volta com os olhos pregados na história contada. Contar histórias é uma arte milenar.

Contar histórias independe de tecnologia, pois é a transmissão da história viva ou de dar vida a uma história morta, independente se ao vivo ou ao vídeo.

Sou “pequeno” e conheço poucos contadores de histórias, mas faço meu pequeno tributo a alguns contadores que, sabendo ou não, me inspiraram nessa arte. Rose Faria, Miriam Dias, André Orbacam, Clarice Schcolnic, Clara Haddad e Bebete Alvim.

Ah! Se alguém quer saber se dá para ganhar dinheiro? Como em qualquer outra profissão, tem que “ralar”.