Contando sob PRESSÃO

por Silvio T Corrêa

Desconheço os métodos utilizados por outros palestrantes, facilitadores de treinamento e contadores de histórias. O meu, sempre foi treinar, treinar e treinar. Em algumas vezes, já falei sonho, sobre o assunto em pauta no evento.

Sempre treinei gravando minha voz e em algumas vezes, apesar de não gostar, em frente ao espelho. Tinha que fazer.

Ultimamente, adicionei a gravação de vídeo; principalmente após assumir a contação de histórias.

Na verdade, relendo os parágrafos acima, não deve ter muita diferença dos meus métodos com os de outros profissionais.

Apesar da busca em treinar; o medo do “branco”, de “perder o fio da história”, sempre me causou pavor, a ponto de uma semana antes eu já estar com o tal do “frio na barriga”. Quem já sentiu, certamente continua sentindo e sabe do que falo.

Mas hoje eu tive uma ideia que funcionou — mais ou menos — e acho que pode continuar funcionando para mim e para outros profissionais.

Como já disse a muitos, no dia 4 de maio faço uma sessão de contação de história na FLIPOÇOS (Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas), contando uma história baseada no livro O Casamento do Saci-Pererê, de Pedro Miguel Miralante. Esse evento tem me tirado o sono, pois será dirigido para um público infantil, que poderá chegar a 300 crianças. É pura pressão.

Os cursos de oratória — estou fazendo um, atualmente — trabalham o diálogo, a argumentação sob pressão, mas não é isto que eu estava procurando, nesse caso. A pressão, a qual me refiro, é a externa, a da preocupação, a gerada pelo cara da plateia que fica fazendo gracinha, justamente para tirar você do rumo, ou não. Passei o final de semana pensando nisso: em como treinar para essas situações.

Então lembrei que na semana passada, durante os ensaios, em duas ou três vezes eu desconcentrei e me perdi, precisando recomeçar. Uma vez foi por causa do telefone fixo, outra por causa do celular e outra por que minha cadela resolveu latir sem parar. Em casa da para recomeçar, mas lá, não vai dar não.

O que fiz hoje foi treinar 3 vezes com tudo desligado e com a as cadelas presas, cada uma em um local. Na quarta vez, porém, liguei todos os telefones e deixei as cadelas soltas. Sai esbravejando a ponto de não conseguir retornar para gravar, sem que as cadelas fizessem qualquer barulho ou que qualquer dos telefones tocassem. Foi somente a pressão de que pudesse acontecer.

Mas acredito que funcionará totalmente.

Depois eu conto.