Tarde Quente

Conto impróprio para menores de 18 anos.


Uma manhã fria. Gelada! O edredom por cima da manta de fibra dava uma boa sensação de aconchego. Mas não demorou e lembrei-me dos afazeres de mais um dia. Fazer café, limpar a casa, escrever, escrever, fazer almoço, escrever, escrever, mastigar alguma coisa, escrever, escrever, ler algo e ir dormir.

“Chega! Não! Hoje farei diferente!” — esbravejei com o travesseiro.

Fiquei na cama, esparramado. Há duas semanas que não tinha ninguém em casa. Esposa viajando por conta do trabalho e os filhos viajando, em congressos.

Depois de duas semanas, levantei, claro, com a barraca armada, mas foi só urinar e a barraca desmanchou.

Tomei o café, sozinho, mas querendo ter companhia. Bem, é verdade que Átila e Narceja, meu casal de cachorros, estavam ao meu lado, abocanhando, junto com os meus dedos, os pedaços de pão com manteiga que eu lhes dava. Mas não posso chamar isso de companhia. Bem, não a companhia que eu queira.

De olhos fechados levantei da mesa e fui para o meu ateliê, exercer o meu ofício de aprendiz de escritor. O tempo voou. Não fiz nem almoço! O macarrão instantâneo escorregou goela abaixo.

O sol se mostrou e enxotou as nuvens. Tarde gloriosa. Me animei a limpar a frente de casa. Calor, muito calor; pelo menos eu estava sentindo! Coloquei uma bermuda folgada e uma camiseta larga, liguei a mangueira d’água, prendi o Átila e a Narceja, e iniciei o trabalho.

Não demorou muito e a moça que varre as ruas chegou, mas não era a mesma de outros dias. Essa; uma morena maravilhosa, vestindo um macacão laranja, com a roupa folgada insinuando ainda mais as suas curvas. A minha bermuda, sem nada entre ela e o corpo, começou a crescer e percebi um olhar e um sorriso saindo dos lábios da morena. Perguntei: “Quente né? Quer um copo de água?” Ela respondeu:

— Sim! Aceito! Está muito calor — e abriu o primeiro botão do macacão, deixando o colo à mostra.

Não me fiz de rogado: “Entre: aqui dentro está mais fresco. O sol está muito forte”. Eu já não conseguia mais me segurar. Um frio, um arrepio percorria o meu corpo e um gosto amargo e doce encharcava minha língua. Coloquei um avental, pois nunca vi o “levanta-defunto” — tomei enquanto pegava a jarra com água — fazer efeito tão rápido.

Quando cheguei à sala, a moça, que eu só chamava de Morena, estava comportadamente sentada, com mais um botão do macacão aberto, deixando uma boa parte dos seios, livres, à mostra. Quando derramei a água no copo, reparei no mamilo rosado. Quase estraguei tudo, ali mesmo. — Seria uma vergonha!

“O senhor é empregado da casa?”, ela perguntou. Respondi:

— Não, sou escritor e trabalho em casa. Aproveito e faço os serviços caseiros.

— Ah! O senhor é escritor? Trabalho bacana. Mostre-me seus livros.

Era o que eu esperava! Era a “deixa”, e não podia deixar passar: “Vamos ao meu estúdio. Os livros estão lá.”

— Posso me lavar? Estou com as mão sujas. — ela perguntou.

Eu respondi: “Claro! Use o lavabo. Aguardo você ali”. — Apontei para a porta do ateliê. Sentei em frente ao computador enquanto aguardava a Morena, que já estava há quinze minutos lavando as mãos.

— Que computador bacana! — ela disse, me dando um susto do “cacete”.

Respondi de pronto:

— Quer escrever um pouco? Senta aqui.

Quando levantei, vi a Morena, já sem o macacão. Ela sentou na cadeira giratória, defronte ao computador e disse: “Como eu faço para escrever?” Respondi: “É só digitar!”

A essa altura, eu já estava sem avental, sem bermuda, sem nada. Vi ela escrevendo: “Eu quero você!”

Ali mesmo, na cadeira, aquela tarde quente esquentou de vez. Os dois corpos se fundiram e tremiam o tempo todo, como se fosse num orgasmo contínuo, sem ejaculação, mas com um prazer interminável.

Durante duas horas, ou mais, ou menos, não existiram livros, computador, vassouras ou qualquer outra coisa. O que começou na cadeira, passou pelo sofá, pela mesa e acabou no chão, com a Morena desabrochada ao meu lado e eu, brocha.

Ô tarde quente! Quentíssima!

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