Durante muito tempo eu achei que era um problema de hardware. Antes disso, pensei ser um caso de opcionais. Vinham em alguns automóveis e em outros não. A luz de seta, por exemplo, sempre pensei ser um opcional, já que em alguns automóveis ela piscava e em outros não dava nem sinal de vida.
Chegaram a me questionar se não poderia ser um defeito de fábrica, ao que respondi: “Claro que não! São muitos automóveis com esse e outros problemas, para ser um simples defeito de fábrica.”
O problema do farol, que só funciona no “alto”? Claro que o automóvel veio sem o opcional de farol baixo.
Depois, com a eletronização dos veículos e a persistência dos problemas apontados acima, passei a pensar que uma “seta piscando” ou um “farol alto”, seria muito pouco para caracterizá-los como opcionais.
— É, deve ser a tal de eletrônica embarcada. O tal do hardware. Ali está o problema. — disse para mim, abismado por ter descoberto.
Contudo, após uma séria pesquisa de campo, quando cheguei a avaliar se os para-brisas permitiam, realmente, que as pessoas vissem quando o sinal (semáforo) fechou ou vissem a placa de “proibido dobrar à direita” ou a placa que indicava a vaga de estacionamento “para idosos” e “para deficientes”. Enfim, que permitissem uma boa visão, pois tudo indicava que não; que as pessoas não conseguiam enxergar com perfeição quando estavam dentro do carro.
Por incrível que pareça, levantaram, diante das perguntas feitas, a possibilidade da “culpa” ser do motorista. É sacrificar o pobre coitado, que batalhou muito para tirar a carteira de motorista e comprar o seu carrinho.
Mas um ponto interessante é que o mesmo veículo se comportava de modo diferente, dependendo do motorista. Comecei a achar que pudesse ser um problema no software de reconhecimento. Sim, reconhecimento do motorista! Por algum motivo desconhecido, o carro diferenciava aqueles que o dirigiam.
Vejam que desdobramentos interessantes: Os guardas de trânsito não podem multar o motorista por, supostamente, fazer barbeiragem e sim, multar o carro; não adianta xingar o motorista que nos deu uma “fechada”, pois afinal, a seta não quis funcionar; devemos perdoar o “coitado” do motorista que nos mostra o “dedo do meio”, só porque reclamamos que ele parou o carro na rua, para conversar; da mesma forma, o sujeito são, totalmente são, que parou na vaga de deficiente, o fez pois não “viu”, graças ao para-brisa do automóvel, que aquela vaga era proibida a ele.
Então, caros colegas condutores, façamos um abaixo-assinado para entregarmos a todas montadoras no Brasil, pedindo que elas disponibilizem, junto com o automóvel, um motorista decente, para que possamos dirigir tranquilos.
Boa viagem!