As mãos ásperas da ditadura, as mãos frouxas do PSDB e as mãos ávidas do PT! Não se pode mais continuar assim. É necessário um basta nesse processo de macular o meu país.
Uma pequena história contada pelo Prof. Clóvis de Barros Filho, ilustra bem a questão de partidos e ideologias.
Na votação para a Assembleia Constituinte, Mário Covas se elegeu Senador constituinte empunhando a bandeira do presidencialismo. Eleito, Covas almejou a liderança da bancada do PMDB, mas alguém já tinha saído candidato, empunhando, justamente, a bandeira do presidencialismo. Ora, Covas não titubeou; se o seu adversário saiu à frente com o presidencialismo, Mário Covas, na hora, empunhou a bandeira do parlamentarismo.
Isso significa que para um parlamentar do quilate – reconhecido como um bom político – de Covas agir assim, é porque não entendemos bulhufas sobre a política.
Reparem no Fernando Henrique, no Serra e na história dos dois. Sempre foram de esquerda ou, pelo menos, mais do que a Dilma o é. Mas a polarização é PT vs PSDB. Você acha, de coração, que o Serra ou o Fernando Henrique vão mencionar, ainda que de modo sutil, que concordam com “algumas” ideias do Lula & Dilma? Nunca! São adversários.
Vocês acham que PT e Lula formam uma unidade? Pode ser que em alguma época tenham formado. Certamente quando Lula tinha convicções que gritava às quatro direções nas portas das fábricas, mas a bordoada suja do Collor e a manipulação da Globo, no VT do debate, nas eleições de 1989, ajudaram na mudança da figura do Lula, onde naquela época ainda era “menino novo” na política.
O discurso mais tranquilo, o terno bem cortado e a barba — antes desgrenhada — aparada, fez Lula se agigantar, tornar-se extremamente carismático e se afastar léguas do PT. Não acredita? Então responda, mas guarde a resposta pra você: Se o Lula desiste da política, e vai para uma terra muito distante, sem chances de contato, o que o PT fará?
Sim, também não concordo com as parcerias que FHC já fez e que Aécio, se tivesse ganho, também faria. Tampouco concordo com as “parcerias” que Lula & Dilma fazem com Collor, Maluf, Sarney, etecetera. Mas é política ou, pelo menos, a política que se faz aqui. Outra política? Só, talvez, em outra realidade.
“Porra Silvio”, alguns dirão, “Você não votou no Aécio?”, e eu responderei: “Votei. E daí?”
O que — acredito —, precisa ser entendido, é que conversar sobre política não significa fazer, apenas, proselitismo para o seu candidato. É preciso, necessariamente, enxergar a política de maneira clara. Eu penso assim, no caso de candidatos: “Fernando Henrique, em 8 anos, fez a sua parte; Lula, em mais 8 anos, fez o que devia fazer; Dilma, em 4 anos, fez o que o Lula mandou. Está na hora de mudar o comando e eu só vejo (via!!!!) o Aécio para dar continuidade.”
E tem solução para nós? Acredito que sim e virá da nossa cobrança sistemática para melhorar e nunca para pedir o retorno das mãos ásperas e cruéis da ditadura.
Ainda temos muito o que batalhar. Precisamos preparar a sociedade para abrigar os novos membros sem a cabeça abarrotada de pensamentos negativos sobre a nossa política . Para isso, precisamos alargar a nossa. Então, se querem, como acredito, um novo Brasil para o futuro, já estamos atrasados. Lembrem-se que não somos políticos profissionais e podemos professar as nossas ideias sem qualquer receio. Podemos dar um basta.